“Mulher bonita não combina com um olhar triste”.
Ok! Me dê alguns minutos para que eu me explique.
Imagine um planeta cheio de beldades se sentindo feias. Magras
se sentindo gordas, jovens se sentindo velhas, espertas se sentindo tolas. Enfim, todas se sentindo insatisfeitas
consigo. Comecei a acreditar que vivo nesse planeta, o qual, segundo alguns
homens de outros planetas, as beldades brotam da terra!Dizem que há mais
mulheres do que homens, mas já me disseram que o problema é
que eles morrem em massa entre 18 a 25 anos.
O resultado dessa desigualdade, é que lá na frente teremos 10, 15 ou até
mais mulheres para cada homem. Eu particularmente não acredito nesse “termômetro da noite” , pois é inegável que as mulheres são mais
sociáveis, gostam de se reunir, portanto, vão se encontrar inevitavelmente aos
bandos na noite.
Enquanto isso, e em menor número, os homens saem menos, são mais
tímidos. Além disso, contam com o consolador “PFC”, Playstation, Futebol e Churrasco.
Mas e as beldades? Creio que vivem num contexto de tragédias confluentes: lindas
subnutridas de espelhos quebrados X bonitinhos supernutridos de espelhos distorcidos.
O planeta das beldades vive repleto de insatisfações balizadas
por modelos tão conservadores que, na menor das desilusões, lá está um corpo
feminino jogado na primeira lixeira da esquina.
Mulher bonita nesse
planeta, em geral, tem uma péssima autoestima!
Enquanto isso os machos no planeta das beldades elevam seu
passe de todas as formas. O gordo, o
velho, o tolo, todos pegam! E se pegam, para que esforço? Oferta grande, preços
baixos, consumidores empapuçados! Apesar do mercado aquecido, ainda topamos com
alguns caprichos, como a importação do recato.
Em resumo, não basta ser bela, é bom ser quase uma virgem. Ah, não estão acreditando? Um dia escutei de
um rapaz de 30 anos o seguinte: aqui (na capital das Beldades) as mulheres não
valem nada! No interior, elas são mais recatadas...
Quanta bobagem!
O panorama é o seguinte, algumas exigem muito, outros exigem
mais do que realmente podem bancar, e outras não exigem nada! Aquelas que não
exigem, inflacionam o mercado e impõem
um jogo que ainda não tem uma regra clara.
Mas e os impactos desse contexto? Alguns efeitos dessa
dissonância são visíveis, homens pouco vaidosos e mulheres biônicas gastando os
tubos no salão de beleza. Algumas desesperadas; outros confusos e inseguros. Uns tontos, se
perdendo de tanta oferta, mal degustando, mal conhecendo e prontos para o
descarte. Elas distorcem, se humilham, se vingam, se desvalorizam e, com o tempo, vão entristecendo
o olhar.
No planeta das beldades, a disputa acaba com as amizades
entre as mulheres e, sobretudo, acaba com o amor próprio.
O problema é que muitas beldades desesperadas se lixam para
a ética! Passam por cima das amigas e não vêem diferença entre homens solteiros
e casados.
Pobre de algumas beldades, agonizando nesse planeta
desigual!
O espelho da beldade mostra tudo, mas não convence. A cada
lugar uma beldade mais linda, mais perfeita.
E como explicar que a mais linda de todas as beldades se
sinta sozinha? Tadinha, esmola, quando é demais, o santo desconfia, e o pior, o
santo não banca.
Viver no planeta das beldades sendo mediana arrumadinha é
como ser a mulher invisível daquele filme brasileiro, com a vantagem de que o
protagonista nem precisaria se esforçar muito para imaginar. Aliás, se ele se
esforçasse um pouquinho, certamente teria que fugir para debaixo da cama, pois
não daria conta da multidão de mulheres invisíveis...
Ah! Boa pergunta! Será que eles estariam dando conta dessa
multidão?