terça-feira, 17 de outubro de 2023

O Planeta arde enquanto as almas congelam

Como é triste se sentir refém de decisões ainda vindas de uma supremacia masculina...desculpa, mas não tem como não pensar. É isso mesmo. Feche os olhos e imagine uma guerra... Eu só enxergo homens empunhando armas e matando. Pense em governantes ...feche os olhos...quais são as lideranças que se apresentam nesse cenário? Ah, mas há homens querendo negociar a paz...sim, nada mais justo que eles resolvam o Game que inventaram. Até porque crianças e mulheres são as vítimas mais vulneráveis deste conflito...não teremos força nenhuma para pedir paz, diante da força física e do poder. Perderemos nossos filhos fora e dentro do ventre, e nos perderemos de tudo que um filho representa: a esperança de uma vida em um mundo possível de viver. Infelizmente, os homens brigam entre si por falta de diálogo, e é o mesmo que fazem contra suas parceiras quando não aceitam um divórcio, ou um jeito de ser... O homem não negocia consigo, e não negocia com o outro, ele mata, agride, anula, extermina quando se frustra e quando deseja o poder. Sim, há muito que se pensar neste momento, pois evoca o quanto nos apequenamos nestes tempos. Os homens parecem não enxergar que hoje deveriam estar sentados não para discutir a Paz... Temos pautas mais importantes sim...e que escapam de nossas mãos, que logo mais não terão poder e nem dinheiro que resolva. As Guerras estão nos distraindo como humanidade, é como se grudássemos a cara numa tela de games e quiséssemos apenas jogar o próximo jogo, enquanto um familiar nossa precisa de nossa ajuda, um ente querido tem uma doença grave...e seguimos querendo mais um jogo instigante. Quem adoece é o Planeta, o lugar de todos. Me admira que, numa pandemia, alguém tenha desejado guerrear, e eles desejaram. Me admira que tenhamos aceitado aqui no nosso país mais de 3000 pessoas morrendo por Covid mesmo já havendo vacinas. Foi ontem, e será que também vamos virar a página como se nada tivesse acontecido? É fato, nosso olhar se acostuma com a barbárie e com o rio que sobe e leva casas, animais, árvores e famílias e com o animal pendurado no fio do poste. Simplesmente colocamos a casa um pouco acima crendo que o rio nunca mais vai subir como no ano passado...seria otimismo? Ou será que optamos por negar, ao invés de aprender com a experiência e encarar que nossos governantes precisam fazer algo? Uma Guerra neste momento que o planeta arde ou congela??? Só pode ser por insanidade de nossas lideranças que ainda vivem no passado e por nossa própria indiferença. Não sei... Já não bastava a Ucrânia e a Rússia? Não foi distração suficiente até agora ver um povo ter que sair de seu país para deixar os machos brigarem? Me admira que numa crise climática gravíssima, o desejo de mais uma guerra ainda seja mais importante do que é fundamental: Solucionarmos a nossa permanência neste planeta. Esta é a questão primordial de interesse de todos, mas como dialogar com o mundo se não há paz e nem diálogo entre países? Dizem que a Pandemia não nos ensinou nada. Estou convencida de que realmente parece que não ensinou nada, sobretudo aos nossos governantes. E também não ensinou nada ao povo, que imerso à negação deste momento grave de regiões superaquecidas e outras congeladas, ainda nos damos ao luxo de eleger criaturas monstruosas para determinar o rumo de nossas vidas. É muito triste que ainda se queira um palco para lutas antigas e vítimas conhecidas e sem quaisquer condições de se defender. É triste imaginar que a guerra impõe aos sobreviventes tantos lutos e desapegos. Mas que ao mesmo tempo, negligencia as almas que ali estão feito alvos, sem mais nada enxergar ou se apegar. São corações e olhos que poderiam desejar um futuro melhor, mas que hoje nada enxergam além da dor, da fome e do terror. Hoje há em Gaza 5 mil mulheres prestes a darem luz. Agora me digam, como dar à luz na escuridão e inexistência de tudo? Quantas subjetividades estão sendo jogadas nos escombros como se nada tivesse existido antes ali? E não nos cabe aqui avaliar que tipo de vida tinham e queriam preservar antes da guerra...seja na Ucrânia, na Rússia, em Gaza ou em Israel...não há espaço para o futuro nestes lugares quando a guerra se instala. De que nos adianta tecnologias e inteligências artificiais se não promovemos a vida? Se não nos empenhamos em preservar o planeta e as relações? A pauta da guerra é imprescindível se ela ocorre, mas essa pauta neste momento poderia ter sido congelada, deveríamos estar em movimento coletivo de paz e reconstrução de modos de vida pacíficos e sustentáveis, mas seguimos assistindo nossos líderes com seus jogos brutais, a nos debruçarmos naquilo que efetivamente deveria ser a pauta do planeta: nossa existência. Revisão: Deliamaris Acunha