quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O peso, a leveza e o ar.




Recentemente um amigo muito estimado contou-me a novidade dos seus últimos três anos. A mãe de uns 80 anos de idade, após uma tola queda, sofreu uma grave fratura. Ela agora residia com ele e a esposa. Nessas horas sempre me lembro do escritor Gabriel Garcia Marques, que certa vez escreveu mais ou menos assim: uma queda determina o início da velhice. Sábio Gabriel!
Diante do fato relatado pelo amigo, ainda aturdido por tantas mudanças em seu cotidiano, perguntei como era a mãe dele fisicamente, se era magra, saudável e lúcida. Ele respondeu afirmativamente, e ainda comentamos que talvez o fato de sua mãe ser magrinha poderia ter minimizado a gravidade da fratura, e provavelmente contribuiu com o seu restabelecimento. Afirmei que o sobrepeso na terceira idade gerava tantas dificuldades no cotidiano do idoso, que me levava a pensar se não deveríamos ser mais leves para sermos “menos pesados” na velhice.
Verdade seja dita, negamos tanto a condição da velhice, que nos imaginamos de cabelinhos brancos mas bem lúcidos e em plena forma física. Meus caros, se a nossa opção continua sendo o mais primitivo dos mecanismos de defesa, que é a negação, não seria melhor mudarmos por consideração aos nossos filhos, esposas, maridos ou qualquer outro inevitável cuidador?
De fato, a vida grita aos nossos ouvidos para que sejamos independentes e, se possível, não dependamos de ninguém para sermos felizes! Vidinha infame! Disseminamos o egocentrismo e esquecemos que da mesma forma que um dia tivemos um cuidador quando nascemos, no futuro novamente necessitaremos de um cuidador muito mais zeloso, forte e paciente.
Meus caros, se vocês ainda acham que a saúde diz respeito ao dono do corpo, creio que há um grave engano! A saúde pertence a todos que convivem com vocês! Sabem aquele papelzinho que alguém joga no chão, e que ninguém tem nada com isso, mas que num futuro bem próximo coloca esse alguém num alagamento com mais 50 ou 100 pessoas, e que não tinham nenhum conhecimento daquele papelzinho? Então... O papelzinho é o pensamento egoísta, e por vezes negligente, daquele que não cuida da própria saúde!
Há alguns anos escutei a história de um rapaz enlutado pela perda da mãe há mais de três anos. Entristecido, contou-me da dor da perda e também de uma dívida contraída durante o tratamento da mãe. O rapaz ,triste, falou do seu sentimento de impotência diante da condição da mãe que era fumante e que acabou morrendo de câncer de pulmão. A dívida dele? Aluguel de cilindros de oxigênio... Pensei, meu Deus, o filho ainda pagava pelo o ar que a mãe trocou pela fumaça... triste história, mas espero que sirva de exemplo a todos que desejam parar de fumar ou melhorar sua condição de saúde. Lembrou do papelzinho com esta história? Eu também!