sexta-feira, 10 de maio de 2013

Pênis


O complexo de Édipo é um dos primeiros conceitos estudados no curso de Psicologia. Na minha época de estudante, até um leigo saberia explicar esse conceito, seria um “beabazinho” da psicanálise, mas que aqui vou tentar aprofundar.

O estudo do desenvolvimento psicossexual aponta a fase fálica como pano de fundo para a soberania do falo. Depois que o conceito é inserido, nunca mais esquecemos do falo... Ainda mais quando nos dizem que invejamos não ter um. Mesmo que num nível inconsciente essa ideia tenha sido vista com estranheza... Invejar o pênis? Logo o pênis? Com tanta coisa para invejarmos no homem, logo o pênis? Pior que não tinha como não pensar no Freud, eca! O pênis, o Freud, o pênis do Freud?!

Assim como um pênis que não agrada a maioria das mulheres em sua primeira aparição, o conceito da tal inveja, não me agradou. Convenhamos, um pênis é quase um palavrão, é coisa que se projeta, e diria até que é quase um insulto a uma menina que inicia a vida sexual. O contraste da feiura do pênis é maior ainda quando o namoradinho é bonito, você não consegue administrar, o cérebro leva um tempo para acomodar a imagem!
Mas como tudo na vida, a gente se acostuma com a cara do pênis. Ou melhor, a gente se conforma com a feiura do bichinho, como dizia o ditado: quem ama o feio, bonito lhe parece, e no final, o que vale não é a aparência e sim a utilidade!
Eu sinceramente não gostaria de ter toda essa responsabilidade. Qual? A de ter um pênis ereto a toda prova, ou prestes a cair a qualquer momento! O futuro decadente e inequívoco de um pênis viciado em pílulas blue não me convence!
E como lidar com o pênis que insurge à revelia de seu corpo? Assim como um rabo de gato? Sabe como é? Aquele gatinho olha você com meiguice, mas que sacode o rabo como se chicoteasse no ar. Você pensa, esse bichano vai me aprontar! O rabo de um gato é feito bicho acoplado, como um pênis acoplado no homem parecendo ter vida própria!
Outra razão para eu não invejar o pênis é ficar à mercê da loteria peniana! Já pensou eu ter o azar de ter um pênis pequeno? Neste caso, só será “sorte no azar” se o tamanho não fizer diferença mesmo!
Mas digamos que eu precise de tamanho, eu ia querer no mínimo um mediano e proporcional. Neste momento você pode estar com dúvidas se o “seu” é pequeno...

Sugiro um teste rápido e infalível. Você tem vergonha do seu pênis na hora “H”? Sim?

Então é pequeno!

Ah, você não sabe? Sabe sim, todos sabem! Nesta hora não existe tamanho de ego masculino que compense. Vai me dizer que o cara entra no estádio de futebol com uma bola de golfe achando que vai bater um bolão? Vai nada! Quem tem pequeno sabe, por consequência , tem uma autoestima muito fragilizada! Muitos vão ficar de cambista bem longe do estádio tentando vender seu ingresso!
Mas voltando ao assunto do topo, se eu suspeitasse que Deus me daria um pênis pequeno certamente eu tentaria negociar: “ Já que o senhor vai me dar esse opcionalzinho, será que daria para mudar o conjunto da obra ? Não rola um corpinho feminino?
Continuo me imaginando com um pênis pequeno, achei punk! E mais associações me ocorreram neste exercício de solidariade aos pequenos.
Imaginei ter que passar a vida inteira pensando naquela maldita frase pra boi dormir :“ mais vale um pequeno brincalhão...” Brincalhão?! Tá maluco? Quem é que brinca com assunto desses? Todo mundo brinca, essa que é a verdade!
Certamente se eu tivesse um pênis pequeno, eu brincaria só se fosse para distrair as meninas. Buscaria recursos compensatórios para agradar a parceira. Na primeira noite com uma mulher, eu levaria mil anos nas preliminares para ganhar tempo, confiança, gratidão, compreensão, ai! Compreensão? A minha cueca deveria conter a seguinte inscrição: “Desculpa aí, mas é só o que a casa tem para oferecer! “
E o que dizer da convivência com os homens com seus pênis médios e grandes? Ah, como eu saberia? Eu saberia, compararia, qualquer um sabe fazer isso. E como seria na hora das piadinhas de chinês? E eu ali, bem brasileirinho com o meu tiquinho.
E a solidão da pequenez? Se eu tivesse um pênis pequeno, além de ter baixa autoestima, eu teria poucos amigos para compartilhar minha condição e meu conflito.

Um dia, mesmo tendo um pênis pequeno, eu ficaria feliz ao ler que a profundidade da vagina de uma mulher é de aproximadamente 7 a 10cm. Imediatamente eu pensaria “dá e sobra”.
Mas na outra semana, eu poderia encontrar um outro artigo sobre o mesmo assunto, afirmando: “ Elas admitem! Tamanho é documento! “

Ferrou!

4 comentários:

  1. KKKK Muito bom Cláudia eu ri muito!!! Acho que para o homem este fator (tamanho) vai além do físico !
    Digamos que 80% seja psicologico e 20% tamanho fisico como você mesmo compreende no texto com a pergunta mágica para avaliar o tamanho !!
    E olha que a média dos brasileiros compreende entre 12 e 15cm hahahahaha sempre gosto de ler suas postagens, excelente escritora !!!Parabéns !!

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  2. As crônicas da Cláudia são ótimas porque abordam assuntos, digamos assim, não triviais. Num dia destes a mesma escreveu uma crônica sobre o clitóris, compartilhei em minha página, não teve uma única curtida, compartilhamento, então, nem pensar. Prova de que sexo ainda é um tabu!
    Eu sou de uma geração pós-revolução sexual. Mas lembro de que não tive nenhum tipo de educação sexual, muito pelo contrário, sexo era um assunto sobre o qual não se falava. Lembro-me de um episódio de uma avó que disse à neta que deve ter uns 12 mais que eu que sexo era uma coisa que os homens gostavam. Como assim cara pálida?
    Além disto, concordo com a Cláudia quando a mesma diz que a 1ª vez que gente vê um pênis acha que ele é uma coisa muito esquisita, aquela coisa apontada pra ti, é uma imagem estranha. Depois acostumamos, mas ele continua feinho, e quando ele esta em estado letárgico (murchinho), que parece a tromba de um elefante atrofiada, é no mínimo ridículo,
    Por isto não entendo como Freud pode afirmar que nós mulheres invejamos o pênis? Acho que Freud disse isto porque nunca olhou direitinho pra uma vagina.
    Em há ocasião, há cerca de 13 anos organizamos no Centro Administrativo do Estado, por conta das comemorações do Dia Internacional da Mulher uma palestra com a Sexóloga Lúcia Pesca. Duas coisas me chamaram atenção:
    1. Ela levou várias caixinhas de Viagra e todos os homens queriam a pílula azul.
    2. Ela perguntou quantas mulheres já tinham olhado pra sua vagina detalhadamente e sugeriu que comprássemos um espelho de aproximação e analisássemos a nossa vagina. Várias de nós compraram espelhinhos.
    A vagina, diferentemente do pênis é um órgão bem complexo: tem os grandes lábios, os pequenos lágios, o clitóris, a vagina propriamente dita e o monte de vênus. Gente vocês já observaram o monte de vênus? Ele é maciozinho, como se fosse um pequeno travesseiro. Creio que um homem poderia dormir deitado sobre o monte de vênus.
    Depois de examinar bem a minha vagina, fiquei pensando com o que se parece isto, até que um dia fui a uma exposição de flores e pasmen: a vagina se parece com uma determinada espécie de orquídea. Observem as orquídeas meninas.
    Outra coisa incompreensível pra mim é quando os homens afirmam que vão comer uma mulher. Como assim comer? Oras, a gente come pela boca (que é um buraco/porta), a vagina também tem um buraco/porta que por onde entra o pênis no canal vaginal. Então quem come são as mulheres e não os homens. Não é isto? Mas, nós mulheres, por sermos mais generosas os deixamos pensarem que são eles quem nos comem e não o contrário.


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  3. Que beleza, hein? Enfim, as mulheres saem na vantagem!
    Amei!

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  4. O mestre Juremir Machado da Silva ao se referir sobre as crônicas de Cláudia Coelho, em sua coluna no jornal Correio do Povo disse: “mostram uma linguagem limpa e falam de coisas que todo mundo, ou quase, vive”. Dentro desse estilo peculiar, Cláudia nesta crônica lança um desafio aos homens tocando num assunto interessante, quase tabu e pouco comentado. O tamanho do pênis. Agora, muitos leitores podem estar com a “pulga atrás da orelha” será que o meu pênis é pequeno? Pênis, vagina, tamanho, profundidade, prazer, sexo. Durante a prazerosa leitura, lembrei-me da brilhante obra do francês Jean d’Ormesson, uma divertida odisseia filosófica denominada: “Quase nada sobre quase tudo”. Ao tratar do assunto sexo, o renomado humanista diz: “Também é possível e talvez legítimo, não nos ocuparmos senão do sexo. Os homens ademais, não fazem outra coisa. Tampouco as mulheres. Homens e mulheres interessam-se por sexo com ardor distinto do que sentem pelo tempo”. Muitos repetiriam a respeito do sexo o que Alphonse Allais (um especialista na teoria do absurdo) disse de outra atividade: “Se eu fosse rico, só faria isso.” Os homens são sexo antes de ser mão, coração, cérebro ou ventre. Portanto, em vista de toda essa importância, entendo como lógico que tanto o homem quanto a mulher, venham a se preocupar com as “ferramentas” que possuem para a prática desse ato tão desejado e prazeroso. Para o homem que está descontente com o tamanho de seu pênis, Cláudia consola, salientando o quão é pouco profunda a vagina da mulher. Caso o leitor atingido não se contente com isso, resta aquele velho ditado: “Quanto maior a árvore, pior o tombo”.

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